O equilíbrio entre o necessário e o possível
Quero ter muito cuidado pra resenhar sobre esse assunto porque estamos falando de um período de vulnerabilidade extrema e não quero correr o risco de cair na vibe da positividade tóxica.
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Bora começar então lembrando daquelas instruções que recebemos dos comissários de bordo em viagens de avião. A recomendação de colocar a máscara de oxigênio primeiro em você e depois na criança tem um razão de ser, afinal, você não vai conseguir socorrer o pequeno se desmaiar por falta de ar.
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Partindo daí, já fica claro que o auto cuidado no puerpério, e ao longo do maternar, é necessário para que você tenha o que oferecer ao seu filho. Um mãe esgotada, com a saúde física e mental abaladas e desconsiderando continuamente suas necessidades vai colher as consequências. A conta vai chegar !
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Diferente do que estão proclamando por aí, EXAUSTÃO NÃO É AMOR (tem até um livro com esse nome, eu acho)
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Tá bom, agora vamos pensar em como fazer isso, equilibrando o necessário com o possível, sem que o auto cuidado se torne uma demanda a mais.
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As primeiras semanas de vida do bebê envolvem um dedicação quase exclusiva e sobra pouca energia para qualquer outra coisa. Exterogestação que chama, né ?!
Meus conselhos:
dedique-se a estreitar a relação com seu bebê, vocês estão se conhecendo;
procure ESTAR com ele e não só CUIDAR dele;
aposte em introduzir no dia a dia práticas sensoriais com o bebê que quebram o looping do puerpério
não procure problemas onde só é preciso tempo - é comum hoje os bebês já sairem da maternidade com a agenda repleta de consultorias e terapias - dê tempo a vocês para que as coisas se ajustes e, sim, procure ajuda profissional quando achar necessário.
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Passado esse primeiro "ajuste tectônico", já dá pra gente começar a pensar em tirar o pijama e desmachar o coque.
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Coisas simples como por um brinco, ter flores frescas num vaso, usar um sabonete bem cheiroso pro banho, comprar um óleo essencial para um escalda pés, acender uma vela perfumada, colocar uma playlist com suas músicas favoritas, ler um pouquinho ou fazer uma caminhada rápida com o bebê (no carrinho ou no Sling) podem mudar a vibe do seu dia. Parece difícil de engrenar no início, especialmente porque nos sentimos presas como naquelas rodinhas de hamster.
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Posso te contar uma coisa, autocuidado é hábito e se você já não tinha antes de ser mãe, agora pode ser mais desafiador, mas não é impossível.
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Na mesma linha de pensamento da recomendação do avião, circulou nas redes socias muitos posts replicando o vídeo de uma mulher que questionava uma fala comum entre as mães "eu morreria pelo meu filho" e, na sequência, ela solta uma reflexão perguntando se as mães estariam dispostas a VIVER pelos seus filhos.
Acreditem ou não, os filhos querem que a mãe viva e seja feliz !
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Com o passar do tempo, a rotina com o bebê vai se ajustando e propondo pequenas folgas que permitem buscar atividades que nos fazem bem e ajudam a "esvaziar o potinho".
Aventure-se ! Marque uma massagem, procure retomar/começar uma atividade física, vai lavar o cabelo no salão, saia para um almoço ou café com amigos, compra uma roupa nova, sei lá, você é que sabe o que lhe faz bem pra alma.
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O ideal (que nem sempre é o possível, eu sei) é que você possa fazer essas coisas SEM o bebê, para que o momento seja SÓ SEU.
Agora, presta atenção aqui, olha pra mim !
Quando estiver lá, seja onde for, permita-se curtir, sem se sentir culpada porque está priorizando SEU bem-estar.
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Lembre-se, quando você cuida de você, está cuidando do que entrega ao seu filho.
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Vai rolar lindamente todos os dias ? NÃO.
Vamos ter momentos de recaída e voltar pro coque + pijama ? SIM.
Mas se NUNCA rola um momento de considerar seus limites e necessidades, talvez esteja na hora de rever sua rede de apoio ou distribuir melhor as tarefas com quem te acompanha no maternar.
Lógico que temos situações muito particulares que exigem ajustes mais personalizados e acompanhamento de profissionais que clareiem os caminhos.
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Ah, uma última coisinha, o baixo astral aparece de vez em quando, normal, só não pode convidar ele pro jantar, beleza ?! Mas se ele insistir em ficar não deixe de procurar ajuda profissional.
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Cuidar de você é um dos exemplos mais preciosos que você pode dar aos seus filhos - empatia, consideração, respeito e amor próprio.
Ensinando que amar alguém não exige que a gente se anule.
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Se você chegou aqui, muito obrigada pela companhia.
Quem quiser falar mais sobre ou tirar alguma dúvida pode comentar por aqui mesmo ou ir lá no perfil do Instagram.
Um beijo com carinho.
Adriana
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